A fome, a ruminação e o orgasmo

Em Áries, a Vênus incendeia. Ganha ímpeto de conquista, coragem, fervor. Mas também resseca. Marte, o regente, é um deus que se cega perante suas investidas. Entra em fúria e aquilo que é belo pode se tornar também seu objeto de destruição. Por vezes, e isso não é regra, não existirá o “Outro”, apenas um alvo. Um amor de intolerâncias. Para tanto, é tido como espaço de “exílio” dos afetos. Logo, afastados de uma harmonia que seja ancorada no prazer da presença e não na rivalidade, passamos fome.

Não existe uma única Vênus no zodíaco que não carregue seus vícios. Mesmo as mais tidas como benéficas, apresentam lá seus dilemas internos. Só que dentro do giro do zodíaco, é preciso que o Céu avance e troque de vestes. “Nada fica como está”, essa é a lei. 

A partir de hoje, Vênus passará a mugir, ruminar e assentar. O Touro chegou.

E o melhor tempero será a fome. Pois depois da aridez ariana, é preciso se abastecer, se empanturrar e se assegurar daquilo que nos faz bem. Ao menos, em uma lógica taurina. Gosto de pensar que Touro é um signo sobre estar longamente com alguém, mesmo em silêncio, e não ficar desconfortável. O preço da harmonia, contudo, é seu maior valor e também seu calcanhar de Aquiles: a resiliência. O afeto como uma carcaça dura de um Touro. Um desejo que resiste perante a agência do entorno. Ímpeto de perduração.

Dias para se avaliar em que porto ancorar o barco. E vice-versa. Acredite, o amor pode ser coisa muito gentil e acolhedora. Para quem prefere os agitos, encare como uma pausa necessária para as próximas aventuras. Para quem gosta de uma boa janta e um sofá, o gozo é livre.

Texto por Bruno Ueno