art por @thecoverartguyy – reprodução do instagram

Não digo isso por achar que podemos nos naturalizar em qualquer região. Mas por ver que quem vagueia por um bom tanto de espaços, chega no ponto de se familiarizar com ruas nunca caminhadas, com igrejas que nunca contribuiu e com bares com bandas que nunca ouviu. E neste movimento de explorar o familiar alheio, encontra-se espaço para estranhar a vizinhança que se deixou temporariamente para trás. Em terras estrangeiras, é fácil chegar no ponto de achar que sempre se morou naquele espaço. 

“O que é o Real? Onde pertenço ou onde pertenci?”.

Hoje às 13h57, Lua em Leão faz oposição ao Sol em Aquário. Com o Ascendente em Gêmeos, a corda estica entre a Casa 3 e a Casa 9. Sentimos o ápice dos eventos iniciados duas semanas atrás. O transbordar das chamas e vendavais que dizimaram certos espaços, pessoas e noções de Si tão familiares. E concede a nós uma oportunidade: permitir que o destronamento das nossas convicções seja prosseguido de um grande “nada”. O espaço precioso entre um quarto e outro da mansão da vida. O corredor das mutações. O limbo. 

Para os próximos dias, a intensidade luminar decai. Será o momento de recolher os cacos de vidro dos espelhos e narcisos afrontados pelo Tempo das coisas. E entender que nem sempre a responsabilidade se encontra numa atitude imediata e furiosa de resolução. Mas de respeitar os processos pelo que eles demandam de nós. Inclusive, a paciência.

Texto por Bruno Ueno