Ele resiste ao abuso e à exploração. Não cede ao descontrole, pois ainda não é a hora. Tensiona o rosto. Pressiona o músculo das costas. Contrai o abdômen. Toda a massa corporal acumula as inúmeras vezes em que sentiu o orgulho ferido. E todas as reações desejadas de bater a porta com força, quebrar um copo com a mão e de insultar o Outro com fúria e rancor. Mas, novamente, ele não cede. Pois ainda não é a hora.

A hora chegará em que o seu corpo e todas essas vibrações explodirão como um grande vulcão. Sem controle. Sem filtro. Sem visão. 

E essa é a cena possível de se colocar em paralelo ao “Touro Indomável” (1980) performado por Robert De Niro, um nativo Marte em Touro.

O Touro não é um animal propenso à violência. O signo em si, conduz a poética para Vênus, planeta da concórdia e do prazer. Logo, como lidar com Marte em Touro?

São guerras mais lentas, conduzidas pela necessidade de reações mais melancólicas. Neste período, as conquistas não virão em gritos repentinos de desejo. Será preciso conquistar os terrenos de forma mais estratégica ou de saber suportar por mais tempo as desavenças. O que poderá provocar um tanto de incômodo para quem é regulado pela pressa do fazer. Contudo, caberão alguns cuidados para que a resiliência não resulte em adoecimentos ou destruições súbitas do entorno.

Atualmente, com Marte em Touro no Céu é preciso lidar com a guerra como se fosse arte. 

Recolha parcialmente as flechas e as espadas sujas de sangue. E cuide para que a fúria não avassale o próprio conforto desejado.

Texto por Bruno Ueno