Sonhos
art janeenmade – reprodução do instagram
Depois do final de semana passado de tons marciais, é chegado este momento mais úmido e sensível de um final de semana de tons fleumáticos. Apenas Marte e Saturno não se encontram em signos de água.
A Lua está em Câncer.
E tem um tipo de linguagem que é muito próprio dos signos de água: o onirismo.
Já reparou como dormir profundamente traz uma certa sensação de mergulho? As imagens e os sons dançam na experiência do sonhar, como quando nos deixamos estar no fundo de uma piscina. Os pensamentos parecem, por vezes, sair do limitado campo da cabeça. E se materializam em cores, personagens e cenários ao nosso redor. “Será que estou vivo?”.
Tudo se dilui em sonho.
Não raro, escutei de pessoas de povos indígenas que nós, gente urbana, desaprendemos a sonhar. Desaprendamos não só a sonhar, como também a dormir em profundeza. Diante disso, perdemos uma parte valorosa das vozes que poderiam nos guiar neste plano e em outros planos.
Somos povos insensíveis ao sonhar. Povos da mercadoria, como nos chama Davi Kopenawa.
Cabe dizer o óbvio: isso não é regra absoluta. É uma sabedoria de quem vê em nossos coletivos uma resistência na diluição e na percepção das coisas para além da realidade dura e frígida da materialidade e do pragmatismo.
Nesse final de semana, a Lua passeará por Câncer. Avistará os planetas em Escorpião. E aprofundará as nossas intuições, sonhos e pesadelos. Alguns poderão acontecer de olhos abertos, faz bem avisar. Não resista. Deixe-se levar. Viaje entre planos. Acesse outras vozes e textos. Não se segure nas margens. Depois de toda experiência, algo poderá ficar com você. Sem intenção ou pretensão. E isso já será suficiente para não se vivenciar os próximos dias da mesma forma.
- Texto por Bruno Ueno