Entre a mistura e a separação

Imagine estar de frente para uma grande pintura.

Procure se sentar com uma relativa distância. E fixe o olhar sobre a imagem. Veja os movimentos das cores, as linhas, as personagens, as estruturas. Crie uma história. Deixe as emoções fluírem na narrativa. Sinta amor, raiva, angústia, solidão, companhia. E de repente, abrace a ideia de viver intensamente a pintura.

Pare.

Levanta-se. Vá até perto da pintura. Sinta o seu olhar passar pela moldura, pelos pequenos relevos de tinta e nas curvas de cada linha desenhada. Replique a criação da pintura. Como a pessoa fez aquilo? Recomponha a trajetória. Veja, é preciso também um bom tanto de imaginação. Mas ao invés da fábula, a história. Ao invés da mistura, as minúcias.

E essa é a linha que se estica entre a Lua em Virgem das próximas horas com Sol, Mercúrio e Júpiter em Peixes. Neste movimento de idas e vindas, mergulhos e análises, fantasias e correspondências, a semana corre para atingir a Cheia do período. Amanhã, oposição entre os olhos. Com emoções carregadas, assistimos o desfilar das caixas que não se fizeram suficientes para as nossas verdades do momento. Recomponha suas pinturas em outro momento. Está mais propício se deixar confabular. E pintar. Que alguém nos acorde com ternura depois.

Texto por Bruno Ueno