Manifesto pelo Conforto

Hoje, na virada para o dia 20.04, o Sol abandona as vestes quentes de Áries e abraça os belos tecidos de Touro. É hora de amansar o corre-corre e deixar que as coisas se façam com maior solidez. Em Touro, o Sol fica mais venusiano. E demanda mais harmonia por parte daquilo que chamamos de “verdade”. Mas, para tanto, é preciso se deixar estar em uma certa zona de conforto.

“Zona de conforto”. Um termo que costuma ser problematizado. Como se fosse uma sensação sempre recusável. “Credo, isso que estou vivendo está virando uma zona de conforto”, afirmamos com o gozo contínuo de algo. E veja só, em que momento que algo que traz prazer e acalma o espírito se tornou ruim? Por vezes, o excesso pode ser um problema a longo prazo, claro. Mas, diga, não é uma delícia nos sentirmos confortáveis depois de um período de campanhas?

Com o Sol e Mercúrio em Touro é hora de levarmos a sério a sensação de bem estar. Mas não aquela que demanda que fiquemos a todo momento conquistando algo para fora de nós. Estamos falando de estar confortável com o próprio lar, com o próprio corpo, com as relações do entorno e com os desejos atuais. 

Nem tudo precisa ser realizado em clima de tensão e conflito.

Se não nos permitimos aos momentos de prazer, para que nos envolvermos em tantas guerras? A violência pela violência, a disputa pela disputa, a angústia pela angústia? Sem a paz e o gozo, a desarmonia se torna a lei do corpo e do espírito. É a zona contínua de desconforto. Que rasga qualquer possibilidade de se afirmar em alto e bom tom: “eu me sinto bem aqui!”.

Com o Sol em Touro, momentos para se baixar o ritmo das desventuras. Firmar prazeres. Estruturar seguranças. Cultivar harmonias. E ruminar longamente tudo que se deseja interiorizar. Para nosso conforto.

Texto por Bruno Ueno