Uma figura jovem está na encruzilhada. No seu lado direito, uma pessoa mais velha toca em seu ombro. Parece aconselhá-lo em relação às decisões que virá a tomar em seguida. No seu lado esquerdo, uma pessoa jovem toca em seu peito, com aparente cuidado e afeto. O corpo do jovem ao centro se dirige à esta mesma pessoa, contudo, ainda devota seus ouvidos ao conselho da outra personagem. Lá do alto, o Cupido aponta a sua flecha, tomando o mesmo lugar que a luz solar. Eclipsa o Sol ou faz parte dele? A mensagem dos altos parece anunciar que a decisão já está tomada. Contudo, coexiste uma margem de autonomia suficiente quanto à forma de realização. São várias as formas de tomar uma mesma atitude, não? 

Essa é uma das configurações imagéticas mais tradicionais do Arcano 6, também denominado “Enamorados” ou “Amantes”. Cabe relembrar como esta carta costuma suscitar uma fase de escolhas envolvendo pessoas em relações de “mesmo nível”. Ou seja, não existe a sensação de superioridade de saber ou moral como na do Arcano 5, “O Hierofante”. Em algumas representações, a personagem superior, o Cupido, é representado vendado, podendo trazer à tona a ideia de uma direção que o afeto nos leva que não pressupõe um racionalismo humano, mas uma força incontrolável. Como uma brasa que nos incendeia naturalmente. Ainda assim, existem escolhas. E são com elas que nos depararemos neste mês, especialmente a partir da retrogradação de Mercúrio no dia 14.01.

Consegue ouvir seu desejo interno? Para que lado a flecha do Cupido irá ressoar? E, mesmo tendo noção disso, o que fará diante do desejo?

Texto por Bruno Ueno