
Dentre as analogias possíveis com o Sol, gosto da ideia de uma fogueira ou de um farol. A emanação de luz e calor que afasta os maus espíritos e traz consigo o poder de esclarecimento. Não à toa, um dos nossos olhos está diretamente ligado aos movimentos solares.
Nessa poética, onde encontramos a luz em Sol-Capricórnio? Se Capricórnio é o signo que ressoa ambos maléficos, Marte e Saturno, e ainda se opõe ao signo de máxima fertilidade e conectado às raízes que nos atestam a sensação de lar seguro, já podemos anunciar: não é pelas vias mais fáceis. Não por Capricórnio, em sua simbologia, desejar sempre o trajeto mais difícil, longe disso. Mas é por não renegar os aspectos duros e limitantes que chegam junto a um certo desejo ou propósito.
Assume-se a falta como parte de um caminho que leva à realização de Si. E que não se resume apenas a isso. A cauda de peixe de sua iconografia traz também uma sensibilidade latente aos malefícios aceitos. Um certo prazer pela intransigência que beira o gozo. Ou o alcance de um prazer imersivo por vias não muito jupiteriais.
Encontra-se certa verdade ao constatar o tanto que se pode suportar. E um contínuo questionamento do que vêm pela frente. “É preciso fazer. É preciso realizar. É preciso fabricar”.
texto por Bruno Ueno