A história retratada na carta das Enamoradas é uma velha conhecida nossa.

Envolve um homem, uma mulher, uma serpente, uma maçã e um jardim. Ela conta que um dia, diante de uma escolha bastante óbvia, duas criaturas ousaram adentrar um caminho oposto ao que se esperava delas. Seguindo seus desejos, deram um passo em direção ao desconhecido.

E, com isso, destruíram o paraíso. 

Até então, tudo o que se conhecia era a paz. E o tédio que a acompanhava. Cada coisa tinha o seu lugar pré-determinado, sua função pré-definida e para esse homem e essa mulher, já não bastava o pré. Tão presentes quanto estavam, desejavam ir além, vislumbrar o pós, ainda que isso lhes custasse tudo. 

Nem sempre essa história é contada assim, mas esse é o ouro das histórias: ao contrário do Jardim do Éden, elas sempre podem ser revisitadas e contadas sob uma nova voz. 

Essa é a voz do Tarot: Sempre orientando o caminho da libertação. As cartas gritam seus conselhos na ânsia de apresentar a cada pessoa uma nova parte de si. Uma parte corajosa para tomar consciência sobre quem se é. Encontrar seu caminho. E bancá-lo. 

Isso pode custar todo o seu paraíso. Mas quem, além de você, pode dizer se o sabor do fruto de seu desejo, vale a mordida?

  • Texto por Paula Mariá Riemer